O aumento de 151% nas apreensões de drogas em Mato Grosso do Sul entre os primeiros três meses de 2024 e 2025 é um reflexo das mudanças significativas nas estratégias de combate ao tráfico e ao aprimoramento das operações policiais. Este dado, revelado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), mostra que, enquanto no ano passado foram apreendidas 46 toneladas de drogas, neste ano o número saltou para impressionantes 116 toneladas. O estado tem se tornado um dos principais pontos de interceptação de entorpecentes, o que levanta questões sobre a eficácia das políticas públicas e as mudanças nas táticas do crime organizado.
A droga mais apreendida nesse período foi a maconha, com 114 toneladas capturadas pelas autoridades. Em seguida, a cocaína, com 2,2 toneladas, e a pasta base de cocaína, com quase 2 toneladas, também tiveram destaque nas apreensões. Esse aumento nas apreensões reflete não apenas a quantidade de drogas circulando pela região, mas também o grau de organização e sofisticação com que as redes de tráfico operam. O desafio, portanto, não é apenas combater o tráfico, mas entender as mudanças nas rotas utilizadas pelos criminosos e como as autoridades podem acompanhar essas novas táticas.
O aumento expressivo nas apreensões de drogas pode ser atribuído, em grande parte, ao aprimoramento das estratégias policiais, que agora incluem o uso de tecnologias avançadas, como drones equipados com visão térmica. A capacidade de observação desses equipamentos tem permitido um monitoramento mais eficiente das regiões de fronteira, conhecidas por serem as principais rotas utilizadas pelos traficantes. Além disso, o investimento em equipamentos modernos e a utilização de radares nas áreas críticas tem contribuído significativamente para o sucesso das operações de fiscalização.
O secretário-executivo da Sejusp, Wagner Ferreira da Silva, destacou que a mudança nas táticas dos traficantes também tem sido um fator importante nesse cenário. Se antes o tráfico de drogas era predominantemente realizado via aérea, com aviões e pequenos aeronaves, agora o foco passou a ser o transporte terrestre. Essa adaptação dos criminosos fez com que as forças de segurança tivessem que se reinventar, criando novas abordagens para combater o crime organizado. A utilização de radares na fronteira, por exemplo, foi crucial para essa adaptação.
Além da tecnologia, a cooperação entre as diferentes forças de segurança, tanto estaduais quanto federais, tem sido essencial para o sucesso das operações. A integração das informações e o compartilhamento de recursos entre a Polícia Militar, a Polícia Civil, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e outros órgãos de segurança têm possibilitado uma atuação mais coordenada e eficiente no combate ao tráfico de drogas. Isso tem resultado não apenas no aumento das apreensões, mas também na diminuição do fluxo de entorpecentes que entram no Brasil, principalmente por Mato Grosso do Sul.
No entanto, o crescimento das apreensões de drogas também levanta questões sobre a necessidade de uma abordagem mais ampla no combate ao tráfico. A apreensão de grandes quantidades de entorpecentes é, sem dúvida, um resultado positivo das ações das autoridades. No entanto, a presença e a sofisticação das organizações criminosas que operam na região indicam que o tráfico de drogas continua sendo um problema complexo e multifacetado. O fortalecimento das ações preventivas, como programas educativos e de reintegração social, deve ser considerado como parte da estratégia para combater esse crime de forma eficaz.
Além disso, a mudança nas rotas utilizadas pelos traficantes, que agora preferem o transporte terrestre em vez de aéreo, mostra como o crime organizado é adaptável e inteligente. Isso significa que as autoridades precisam estar em constante alerta, adaptando suas táticas conforme as circunstâncias mudam. A implementação de sistemas de monitoramento mais precisos e a atualização das tecnologias de vigilância são essenciais para garantir que a polícia continue à frente do crime organizado. O aumento nas apreensões é um reflexo dessa vigilância mais intensiva e da constante evolução das práticas policiais.
Por fim, o aumento das apreensões de drogas em Mato Grosso do Sul, que alcançou 116 toneladas no primeiro trimestre de 2025, evidencia que a luta contra o tráfico de entorpecentes está longe de ser simples. No entanto, os avanços nas estratégias e na utilização de tecnologias inovadoras mostram que há um caminho promissor para diminuir a presença dessas substâncias nas ruas e fronteiras do Brasil. A cada nova apreensão, a segurança pública fortalece sua resposta e continua a se adaptar ao desafio crescente do crime organizado, refletindo uma constante evolução no combate ao tráfico de drogas.
Autor: Aleksandr Boris