Justiça considerou “crime de natureza gravíssima” provocado por “divergências político-partidárias”
Um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi morto na quarta-feira (7) por um colega de trabalho que se declara seguidor do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante uma briga motivada por questões políticas.
O caso foi registrado na cidade de Confresa, em Mato Grosso, na manhã de quinta-feira (8).
Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, foi preso sob suspeita de matar Benedito Cardoso Santos, de 42 anos, com cerca de 15 golpes de faca.
O corpo da vítima foi encaminhado ao IML de Confresa, de onde foi liberado ainda na quinta-feira.
De acordo com a Polícia Civil, Rafael confessou ter matado a vítima. Em depoimento, o autor do crime disse que ambos discutiram por motivos políticos na noite da quarta-feira (7), quando estavam reunidos em uma chácara onde cortavam lenha para a cerâmica em que trabalhavam.
O preso defendia a eleição de Bolsonaro para o colega, que simpatizava com o ex-presidente Lula.
Ainda de acordo com o relato, o colega petista teria iniciado a briga com um soco, e Rafael revidou a agressão.
A vítima, então, teria alcançado uma faca, mas Rafael conseguiu retirá-la da mão do colega e golpeá-lo com o objeto.
Ainda segundo a Polícia Civil, o detido confessou que feriu a vítima diversas vezes com a faca e, em seguida, buscou um machado, com o qual atingiu o pescoço de Benedito.
Após a briga, o agressor buscou atendimento médico em um hospital de Confresa. Desconfiando da conduta do homem, a polícia militar o levou até a delegacia, onde ele confessou o ocorrido e indiciou onde estavam o corpo da vítima e as armas utilizadas no crime.
Rafael foi autuado pela polícia pelo crime de homicídio duplamente qualificado. Ele passou por audiência de custódia, e a prisão em flagrante foi convertida para prisão preventiva.
Na decisão, a Justiça do Mato Grosso considerou o “crime de natureza gravíssima” e concluiu que “o delito teria ocorrido por razões de divergências político-partidárias”.
O juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, da 3ª Vara de Porto Alegre do Norte, defende ainda que “a intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie”. “Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável”, afirmou.
O delegado titular de Confresa, Victor Donizete, disse à CNN que as primeiras investigações não apontam crime político. “Foi uma discussão sobre política, como poderia ter sido sobre qualquer outro assunto, como futebol”, afirmou.
Segundo ele, a Polícia Civil vai ouvir testemunhas e investigar redes sociais do acusado e da vítima antes de enviar o caso ao Judiciário, em até 10 dias.